Palestra “Suicídio, estamos vivendo uma epidemia?”
Por: Daniela Marini
O GE Falcão Peregrino, contribuindo para a campanha Setembro Amarelo, sediou no último sábado a palestra “Suicídio: estamos vivendo uma epidemia?”, ministrada pela dra. Renata Imamura, médica psiquiatra e dirigente do grupo.
Os transtornos mentais não tratados, entre eles a depressão, são a maior causa de suicídio em todas as faixas etárias e classes sociais. Segundo Renata Imamura, a taxa é maior entre homens do que entre as mulheres, pois eles utilizam métodos que são mais efetivos em dar fim à própria vida. Hoje em dia 1 pessoa comete suicídio a cada 40 segundos no mundo. Esse número preocupante reforça a importância de se falar sobre um assunto muitas vezes considerado tabu.
É importante ressaltar que a depressão não é frescura ou falta de vontade. Trata-se de uma DOENÇA, com alterações significativas dos neurotransmissores e do metabolismo cerebral, comprovadas por meio de um exame específico realizado em pesquisas. O diagnóstico da depressão é clínico, feito através da análise da história do paciente, sintomas e histórico familiar. Entre esses sintomas, que devem ter duração maior que duas semanas, os mais comuns são: tristeza, apatia, ansiedade, alteração do sono, alteração do apetite, irritabilidade, sentimento de desesperança, desamparo e incapacidade, falta de memória, dificuldade de concentração, cansaço, isolamento, pensamentos de morte e, em alguns casos, ideação suicida.
O tratamento varia caso a caso, e pode ser indicada somente a psicoterapia ou pode-se aliá-la a medicamentos quando a depressão estiver causando muito sofrimento ou limitação no dia a dia do indivíduo. O importante é diagnosticar o quanto antes o quadro para que ele não evolua.
Crianças e adolescentes não estão imunes à depressão ou a qualquer outro tipo de transtorno mental. Pelo contrário, podem ser mais suscetíveis a eles. Os jovens, principalmente, apresentam mais fatores de risco, como alterações hormonais e desenvolvimento cerebral e emocional a todo vapor, próprios desta fase. Instabilidade afetiva, impulsividade, busca de identidade, de pertencimento a determinado grupo, o comportamento opositor para marcar o distanciamento dos pais, o imediatismo e a incapacidade de lidar com frustrações – muito comum nas gerações mais novas – podem ser o estopim que leva a uma atitude extremada.
Para entender a rapidez com que os jovens decidem acabar com a própria dor, Renata propôs uma dinâmica. Foram entregues a cada participante um balão e uma situação-problema real que culminou no suicídio de um jovem. A ideia era que fosse dada uma resolução para aquele conflito em 20 segundos, na perspectiva de um adolescente de, no máximo, 16 anos. Caso isso não ocorresse, o balão deveria ser estourado, e representaria o suicídio desse indivíduo. O barulho dos balões ecoou dolorosamente na sala, indicando quão impulsiva e veloz pode ser essa decisão irreversível.
Converse com seu filho, esteja aberto a escutá-lo, a perceber qualquer mudança de comportamento. Tenha empatia: o sofrimento dele é real, mesmo que o motivo possa parecer a você uma bobagem. Encoraje-o a falar sobre seus problemas, a pedir ajuda quando necessário, a participar de atividades com amigos e família, a desenvolver sua espiritualidade. São muito importantes também como parte do tratamento uma rede de suporte e o convívio social.
A prevenção também é essencial. Como pais e escotistas, devemos ajudar nossos jovens a lidar com frustrações, conviver com limites e respeitá-los, ensiná-los a ser resilientes. Estejamos atentos não somente neste Setembro Amarelo, mas em todos os outro meses dos ano. Sempre alerta!
EQUIPE DE COMUNICAÇÃO – Coordenação e edição de texto: Gláucia Viola; Apoio e relações públicas: Júlia Matsuda; Preparação e revisão de texto: Daniela Marini; Arte e texto: Fabricio Rezende.